25/09/2013

Cão no liberalismo e cão no socialismo

Cão no liberalismo e cão no socialismo

Um cão sem dono passa junto da grade metálica do jardim de uma casa. Do outro lado dos ferros, um outro cão vem cumprimentá-lo. Cheiram-se e começam a ladrar um com o outro.

Ladra o cão sem dono:

– Amigo, como a nossa vida é tão desigual! Ainda dizem que existe igualdade!

Responde o outro cão por entre os grossos ferros da grade:

– Tens razão, amigo. Quem me dera a tua vida! Nem sabes a sorte que tens em seres um cão livre!

– Como ladras tu que tenho sorte em ser livre? – contestou o cão sem dono. – Vê-se bem que não conheces a minha vida. Não admira: não te deixam sair daí para conheceres o mundo.

Olha, não vivo num paraíso. Quando quero comer, tenho de procurar comida. Se não puder comer comida melhor, desenrasco-me como posso. Quando estou doente, procuro umas ervinhas medicinais que sei que, pelo menos, não fazem mal nenhum. Se me quiserem abater ou prender num canil, fujo. Já tive vários donos (se é que os posso chamar de donos) e, quando que não estou satisfeito com um, mudo para outro. Já ouvi ladrar de cães mais espertos ou que têm mais sorte do que outros. Como sou muito respeitador dos bons costumes, tento não arranjar brigas com outros cães. Eles têm direito de se governarem, como eu. Somos todos diferentes e é assim que temos de viver. É a lei da vida!

Responde o outro cão por trás das grades:

– Pois, a mim, o dono só me deixa fazer o que ele quer. Raramente saio desta casa luxuosa, desta grande obra; mas, quando saio, vou preso com uma trela muito curta. O meu dono faz grandes festas em casa, mas só me dá a comida que me quer dar. Quando estou doente, só me leva ao veterinário se entender que vale a pena para ele, senão manda-me abater. Fui domado desde pequeno para ser mera propriedade dele e não tenho direito à minha individualidade. Sempre que ele pensa que me comporto de forma estranha, sou submetido a treino intensivo e a medicação para mudar a minha maneira de ser. Até a nossa reprodução é controlada pelos donos. Já ouvi o meu dono a dizer que estou a ficar velho e que me vai mandar abater. Só me resta esperar que não doa muito! Alguns nem essa sorte têm porque são abatidos quando ainda estão no útero das cadelas e outros são abatidos quando acabam de nascer… É a lei da morte!


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